“Encontrei contadoras de histórias às margens do Rio São João” é um livro de memórias, contos e crônicas que apresenta uma variedade de temas. A capa de Roberto Júnior foi feita pelo celular, este rapaz é autodidata e ex-aluno do 331 de Aquários – muito contente com essa obra de arte. A escritora Andrea Rezende fez o prefácio e segundo ela, há “potencialmente força feminina narrativa… há muito de luta, de sobrevivência e de embate neste livro…” de 124 páginas que espero que os leitores devorem e que se identifiquem com a narrativa.
“Como escritora conto com os amigos que leem os livros por curiosidade,
incentivo, apoio e fico contente quando dizem que sou inspiração”, disse Rosana.
Acompanhe a entrevista da escritora Rosana Silva com Renato Fulgoni:
Renato Fulgoni - Como surgiu a inspiração para escrever o livro "Encontrei contadoras de histórias às margens do Rio São João"?
Rosana Silva - O Rio São João por si só já um lugar inspirador. Ao sentar-se as margens do rio você encontra famílias reunidas fazendo piquenique, pescando, comemorando aniversário, noivos tirando fotos, crianças se banhando, se refrescando e música… é um lugar de festas, festival gastronômico, shows e também de contemplação. Ao sentar-se na grama ou num banquinho às margens do rio, aparece sempre uma pessoa e pede a você para tirar uma foto da família, perguntar como faz um passeio de barco e quando se demoram um pouco acabam por contar histórias, suas experiências. O Rio São João é inspirador, quando o sol se ponhe é um espetáculo. O livro é uma homenagem ao rio e as mulheres que se sentem a vontade de falar da jornada heroica de suas famílias.
Renato Fulgoni - Eu amo às margens do Rio São João, acho lindíssimo, e o local é muito inspirador. Fala mais um pouco sobre essa seleção de contos e crônicas?
Rosana Silva - Gosto do “contador de histórias” cujo personagem é assumidamente um medroso. A esposa e a filha é que resolveram uma questão importante na família, mas ele conta tudo como se fosse o grande herói da narrativa, é um malandro. Ele rouba o protagonismo feminino na maior cara de pau.
Outro conto é “De frente para dilemas morais e religiosos”, que trata de uma mulher que sente uma imensa solidão e quando vence seus próprios dilemas acaba por descobrir algo na vida do rapaz que a paralisa.
Como disse a escritora Andrea Rezende, o livro pode ser apreciado “pelo campo das denúncias para em seguida, promover o espaço dos afetos, ainda que (…) sejam possíveis se associem ambas as abordagens”.
Renato Fulgoni - A mulher cada dia que passa vem conquistando seu espaço, não só na literatura, mas também na sociedade. Quais dificuldades você encontrou para entrar no mundo literário?
Rosana Silva - Primeiramente surge o medo e a questão financeira. E por muito tempo, minhas referências literárias eram de autores homens, tais como Graciliano Ramos, Jorge Amado, Vinícius de Moraes, José de Alencar, Machado de Assis… meus professores eram homens, a sugestão de livros que eles nos davam para leitura eram de autores masculinos e nos livros didáticos escolares havia uma seleção maior de livros de autoria masculina. Ora… ora.. parecia que escrever e publicar um livro era uma atividade para os homens e especificamente de “homens brancos”. Seria ousadia demasiada uma mulher negra pensar em ter seus textos publicados. Depois conheci autoras como Elisa Lucinda, Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, Maria Firmino dos Reis. Em seguida descobri que podia traçar o caminho da escrita independente quando assisti a lives de escritores e editoras que apontaram caminhos para a publicação de um livro de forma autônoma, solicitando, inclusive, um número menor de livros (antes eu ouvia dizer numa tiragem de 1000 livros)… lógico, os desafios são imensos… pois além da publicação, há o processo de lançamento, de divulgação, de vendas e de envio dos livros, mas cá estou me aventurando neste universo literário que amo tanto.
Não posso esquecer do escritor Isac Machado de Moura que me empurrou “ladeira acima”, usando argumentos para que eu tivesse coragem de mostrar meus escritos ao público e me apresentando a outros escritores da Região dos Lagos e da Alacaf – Academia de Letras e Artes de Cabo Frio.
Renato Fulgoni - Qual parte do seu novo livro você mais gostou?
Rosana Silva - Geralmente eu acabo gostando dos contos que dão mais retorno, daqueles contos com os quais as pessoas se identificam, que dão o que falar. Alguns contos deste livro já foram publicados na página @paragrafosdocotidiano e “Eu não aceito isso, mãe” e “Vingativa” são contos que me deram um bom retorno do publico leitor da página.
Renato Fulgoni - Fale um pouco sobre o sentimento de estar lançando seu novo livro.
Rosana Silva - Dia 18/03, às 17h, estarei no restaurante Simpatia, em frente ao rio São João em Barra de São João, num aconchegante espaço, dividindo essa alegria com amigos e parentes. Tenho sido acolhida por mulheres empoderadas e que me dão um apoio incrível. É uma emoção indescritível quando vejo meus livros sendo adquirido, folheado, lido e comentado pelo leitor(a). É um momento de afeto, de realização de um sonho. Sinto-me empoderada, neste sentido de ir me colocando como escritora, de me reconstruindo como mulher, como profissional da educação, aumentando minha autoestima, encontrando afeto de outras mulheres – de tê-las como modelo e ter a oportunidade de ser referência positiva para outras mulheres.
Entrevista foi destaque na Edição 28 da Revista Digital Aldeia Magazine - Acesse Aqui
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